Ave fabulosa, com bico e asas de águia e corpo de leão. O grifo da emblemática medieval participa do simbolismo do leão* e da águia*, o que parece ser uma duplicação da sua natureza solar. Na realidade, ele participa da terra e do céu, o que faz dele um símbolo das duas naturezas — humana e divina — do Cristo. Evoca, igualmente, a dupla qualidade divina de força e de sabedoria.Quando se compara a simbologia própria da águia com a do leão, pode-se dizer que o grifo liga o poder terrestre do leão à energia celeste da águia. Inscreve-se, desse modo, na simbólica geral das forças da salvação.O grifo parece ter sido para os hebreus o símbolo da Pérsia — que sempre fez largo uso dessa figura — e, em conseqüência, da doutrina que a caracteriza: a ciência dos Magos, ou a doutrina de Zoroastro sobre os dois princípios fundamentais, o Bem e o Mal.Figura igualmente o grifo na balaustrada de um stupa de Sanchi, em que representa o Adrishta, i. e. o invisível. O duplo simbolismo solar leão-ave encontra-se aí particularmente afirmado mas permanece assim mesmo próximo do leão e da leoa, montarias e símbolos da xácti.E, todavia, o grifo é interpretado num sentido desfavorável segundo uma tradição cristã, mais tardia, talvez, que a precedente... Sua natureza híbrida lhe tira a franqueza e a nobreza de um e de outro (águia e leão)... Representa, de preferência, a força cruel. Na simbologia cristã, é a imagem do demônio, a tal ponto que, para os escritores sacros, a expressão hestisequi é sinônimo de Satanás. Mas no domínio civil, designa apenas a força maior, o perigo iminente.Para os gregos, os grifos são iguais aos monstros* que guardam tesouros. São eles que vigiam os tesouros no país dos Hiperbóreos. Vigiam a cratera de Dioniso, cheia até a boca de vinho. Opõem-se aos faiscadores de ouro nas montanhas. Servem de animais de sela de Apoio. Simbolizam a força e a vigilância, mas também o obstáculo a superar para chegar ao tesouro.
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